Capital Cultural: O novo luxo é ser inteligente!
Em resposta aos padrões de ignorância nos últimos anos, a estética do intelectual vem crescendo e tomando espaço, inclusive no mercado de luxo... Será que isso influenciará também no digital?
Ser inteligente e ter capital cultural é o novo luxo: Chanel e Dior com encontros literários, MIU MIU com clube do livro e pop-ups distribuindo livros gratuitos, Saint Laurent com sua própria livraria, Bottega Veneta distribuindo livros de um poeta chinês, entre outras grandes marcas que entenderam a crescente desse movimento e já estão investindo nisso.
Nos últimos anos muitas pessoas que ascenderam no mercado digital comunicavam ignorância, que o estudo não era algo necessário, descredibilizando assim, quem tem um diploma, uma formação, sempre com o discurso: “não estudei e ganho mais do que quem estudou”. Esses milionários incapazes de sustentar uma conversa, articular uma frase fez com que muitos acreditassem que a inteligência é algo inútil. “Relevância Irrelevante”, o termo que o criador William (@willosou) utiliza para classificar esse tipo de discurso nas redes, descreve perfeitamente o papel de algumas pessoas da mídia na sociedade.
Porém em resposta a isso, no outro lado vem crescendo a estética do intelectual e valorização do capital cultural, nos próximos anos, isso irá ditar quem são as pessoas que realmente merecem atenção na sociedade.
Capital Cultural: O que é?
De acordo com o Sociólogo francês Pierre Bourdieu, existem 4 tipos de “capitais" que pode-se possuir e influenciar nas posições sociais de cada indivíduo: capital econômico, capital cultural, capital simbólico e capital social.
A definição geral de Capital Cultural nada mais é que o conjunto de conhecimentos, valores, comportamentos que a pessoa adquiriu através da educação e socialização. E esta é classificada em 3 formas :
Incorporado (habilidades e conhecimentos adquiridos); Objetivado (bens culturais, como livros e obras de arte); Institucionalizado (títulos e diplomas reconhecidos).
Bordieu, compartilhava em seus pensamentos a maneira que a sociedade se desenvolvia e como era - e ainda é - dividida em diferentes campos, assim impactanto em desigualdades, disputa por poder e prestígio, entre outras.
Mercado de Luxo e o intelecto:
Há algum tempo as marcas de luxo começaram a investir em experiências, intelectualidade e não apenas, vendas de produtos. Com as redes sociais, massificação de produtos e a crescente das cópias e dupes, para você legitimar o luxo, não basta apenas comprar, tem que viver o lifestyle.
Photo: Revista L'Officiel
Com isso, nota-se hotéis, cafeterias, livrarias, encontros literários e diversas outras experiências que viraram estratégia do mercado de luxo para aproximar e proporcionar momentos aos seus consumidores. E em uma época em que tudo é muito corrido, rápido, massificado, o tempo se torna luxo, consequentemente, toda atividade que exija seu tempo também. Assim, a leitura, estudo e trocas literárias se tornam um privilégio nessa sociedade.
Se associar com a literatura eleva o capital simbólico - reconhecimento e prestígio social - da marca e faz com que atraiam consumidores que valorizem a sofisticação, distinção e refinamento cultural. E cada vez mais essas marcas vão querer se associar com nomes que também invistam em seu intelecto.
Estética intelectual no digital:
Há quem diga que não passe de uma performance, mas não podemos deixar de lado o fato de que o crescimento dessa estética traz resultados positivos em nossa sociedade.
Photo: Via Pinterest.
No digital, grande parte do público que consomem os conteúdos que desinfluenciam ao estudo, são pessoas com menos acesso. Pessoas que gostariam de ter uma oportunidade de vencer na vida, mas não fazem ideia de como conseguir. Algumas pessoas da mídia se aproveitam dessa vulnerabilidade para crescer cada vez mais, afinal, uma pessoa estudada e repleta de conhecimentos, dificilmente cai no discurso da ascensão econômica através de picaretagem e falta de estudo, ao contrário da grande massa vulnerável.
Mesmo que sabendo que ela nasce de um local “elitista"- sabemos que quanto mais capital econômico você tem, mais acesso a educação e capital cultural você vai ter - o crescimento dessa estética possibilita que nas redes, conteúdos envolvendo conhecimento alcancem também o público com menos acesso, podendo assim, influenciar positivamente em relação a educação, cultura, política, artes e ciência.
Portanto, conclui-se que, independente da estratégia por trás do crescimento da estética intelectual, é importante pautar e estar em alta assuntos voltados ao conhecimento e cultura. Além disso, potencializar a valorização do capital cultural pode ocasionar na diminuição da desinfluência ao estudo nas redes sociais, o que trará mais pessoas atentas na diferença de consumir o conteúdo e se deixar influenciar por ele.
Muito bom!
Que aula foi essa mulher? Amei muito!!! 😍💙